(Poema: Olavo Bilac; música: Hélio Ziskind)
"Lá vem o quê?
Lá vem a história..."
Negro, com os olhos em brasa,
bom, fiel e brincalhão,
era a alegria da casa
o corajoso Plutão.
fortíssimo, ágil no salto,
era o terror dos caminhos,
e duas vezes mais alto
do que o seu dono Carlinhos.
jamais à casa chegara
nem a sombra de um ladrão;
pois fazia medo a cara
do destemido plutão
dormia durante o dia,
mas, quando a noite chegava,
junto à porta se estendia,
montando guarda ficava.
porém Carlinhos, rolando
com ele às tontas no chão,
nunca saía chorando,
mordido pelo plutão...
Plutão velava-lhe o sono,
seguia-o quando acordado:
o seu pequenino dono
era todo o seu cuidado.
um dia caiu doente
Carlinhos.. junto ao colchão
vivia constantemente
triste e abatido, o plutão.
vieram muitos doutores,
em vão. Toda a casa aflita,
era uma casa maldita,
era uma casa de dores.
morreu Carlinhos... a um canto;
gania e ladrava o cão;
e tinha os olhos em pranto,
como um homem, o Plutão.
depois, seguiu o menino,
seguiu-o calado e sério;
quis ter o mesmo destino;
não saiu do cemitério.
foram um dia à procura dele
e, esticado no chão,
junto de uma sepultura,
acharam morto o Plutão.
Canto: Hélio Ziskind e Ná Ozzetti / Arranjo: Hélio Ziskind / Voz Lá Vem o Quê?: Fábio Widman